#canseidesersardinha – Agora no TICEN!!!

O Movimento Passe Livre e o Sintraturb estão agora na frente do TICEN distribuindo latas de sardinha em protesto à ameaça de botar na rua 700 trabalhadores!

Demitir esses trabalhadores  só vai servir para piorar a vida dos usuários e usuárias do transporte coletivo. As demissões fazem parte da nova licitação aprovada esse ano e que tem por objetivo garantir os lucros das mesmas empresas de sempre por mais 40 anos! Faça parte da campanha #canseidesersardinha e poste sua foto aqui! Não deixe de ler abaixo a nota sobre a demissão dos cobradores.

Tá com preguiça de ler? Veja o vídeo da nota.

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Material que está sendo distribuído agora no centro!

Cansei de ser refém dessa lata de sardinha!

Existem muitos momentos na vida em que tentam enganar a gente apresentando como causa aquilo que é somente o efeito de uma situação. No estudo da lógica essa operação é conhecida como falácia. É como falar que um time vai mal porque ele joga na série B, sendo que, na verdade, o tal time está na série B porque está jogando mal. Pelo caminho da falácia a solução apresentada nunca seria mexer no time ou trabalhar para melhorar seu desempenho. Falácia é exatamente a estratégia que a prefeitura e os meios de comunicação têm adotado para falar sobre a greve dos trabalhadores do transporte coletivo, colocando a população contra as suas paralisações.

O mau funcionamento do transporte na cidade não é culpa da greve dos trabalhadores. A greve é só consequência desse sistema falido defendido pela prefeitura e que tem como prioridade absoluta gerar lucro para meia dúzia de empresas que controlam o transporte coletivo da cidade desde de 1926 (sim, faz quase 100 anos que elas estão aí!). A imprensa insiste em dizer que a população vira refém do sindicato nos dias de greve, mas a verdade é que nós somos reféns desse sistema ultrapassado 365 dias por ano. O objetivo dessa falácia é evitar que a gente exija uma mudança radical na lógica de funcionamento do transporte. A nova licitação, apresentada pelo Prefeito Jr. como solução, só serve para manter as coisas como estão, garantindo o lucro da máfia do transporte.

Meses atrás nós denunciamos a fórmula mágica da licitação:

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“menos trabalhadores, menos linhas de ônibus, mais gente em um ônibus só e tarifas cada vez mais caras = mais lucro para os empresários do transporte”

A primeira medida da licitação já confirma a fórmula: 700 cobradores serão demitidos para aumentar o lucro da máfia. Outra ação que já está sendo executada é o corte de linhas em alguns bairros. É verdade que a prefeitura anunciou que a tarifa deve diminuir em 15 centavos. Só que para a prefeitura, felicidade de pobre tem que durar pouco. No contrato da licitação está escrito que as empresas têm o direito de aumentar as passagens todos os anos. Por conta da pressão das manifestações em todo o país, no ano passado o governo federal reduziu um imposto nacional que fez com que o preço das tarifas caísse em dezenas de cidades. Naquele momento o Prefeito Jr. foi cobrado, mas se negou a solicitar que as empresas da Grande Florianópolis cumprissem a determinação de baixar a tarifa porque não teve coragem de enfrentar os empresários. Um ano depois o cagão se apresenta como bem feitor, sendo que não faz mais do que a sua obrigação. Essa diminuição já está atrasada.

Todas essas mudanças da nova licitação têm sido apresentadas para a população como se fossem parte do “progresso” do sistema de transporte que irá beneficiar todo mundo. Mas a verdade é que os únicos que vão continuar ganhando com isso são os empresários. A aniquilação dos cobradores terá graves consequências para os usuários: fará com que o transporte fique mais lento e que o tempo de espera aumente, já que o motorista vai ter que administrar os pagamentos, dar o troco e dirigir. Além disso, essa dupla função precariza o trabalho do motorista e faz com que o deslocamento fique mais inseguro para o passageiro. Nós acreditamos que, mesmo com Tarifa Zero, deve haver sempre mais de um trabalhador no ônibus para auxiliar pessoas com dificuldade de locomoção e orientar os passageiros, evitando também brigas e conflitos no interior do ônibus.

A prefeitura diz que as demissões tem por objetivo baratear as passagens, mas em vários lugares onde não existe cobrador a passagem acabou aumentando muito ao longo dos anos. Uma mudança verdadeira só vai acontecer quando o transporte coletivo deixar de ser tratado como mercadoria, quando o seu objetivo principal não for o de gerar lucro para as empresas. Até lá, tudo será feito em nome dos empresários e não da população. Um exemplo disso é a questão da integração com a região metropolitana. A nova licitação do Prefeito Jr. não apresentou nenhuma proposta de integração nas passagens e terminais, mas na hora de demitir os cobradores o sistema operou de forma surpreendentemente integrada: serão 350 demissões nas empresas que operam em Florianópolis e 350 na região metropolitana. Ou seja: na hora de demitir temos uma política de plena integração, mas o usuário do transporte que se desloca pelos trajetos intermunicipais não tem direito a integração alguma.

Isso mostra que o sistema de transporte da Grande Florianópolis está todo pensado de forma a beneficiar os empresários e, se depender desse prefeito covarde, nada será mudado se não for para aumentar o lucro desses patrões. Até lá, continuaremos andando cada vez mais esmagados feito sardinhas, esperando mais tempo nos pontos de ônibus e pagando tarifas cada vez mais caras. A licitação que fará com que as mesmas empresas de sempre completem mais de 100 anos explorando nosso direito de ir e vir é a mesma que irá botar na rua 700 trabalhadores. Enquanto isso, a mídia insiste em colocar a população contra motoristas e cobradores. Parece exagero? No Jornal do Almoço, a RBS colocou uma organização chamada Floripa Amanhã para falar em nome dos usuários do transporte em um debate que pretendia ser independente dos interesses dos trabalhadores e empresários. Acontece que a tal organização tem como membro fundador o próprio SETUF, entidade que representa oficialmente os donos das empresas de ônibus. Tem como ser mais cara de pau do que isso?

Nós estamos do lado dos trabalhadores e da população, em prol de uma mudança radical na lógica do sistema de transporte coletivo. A prefeitura e a grande mídia estão claramente ao lado da máfia do transporte. E você? De que lado vai ficar?



*Confira aqui todo o material produzido pelo MPL sobre a questão da licitação, incluindo os relatos de processos legais e tentativas de participação nas audiências públicas.  


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